Na abertura, Robert Redford antecipa em Sundance "movimento popular" contra cortes de Trump.
O festival de cinema independente de Sundance, USA, começa hoje em Park City, nos Estados Unidos, onde vão estar presentes os realizadores portugueses André Santos e Marco Leão, que vão apresentar a curta-metragem "Pedro" na competição oficial.
O ator Robert Redford recusou-se a fazer comentários sobre o novo presidente dos EUA, Donald Trump, durante a abertura do festival Sundance, mas mostrou-se convicto de que um “movimento” popular irá lutar contra os cortes de financiamento prometidos.
O ator e cineasta de 80 anos foi questionado na quinta-feira sobre se o cinema iria ser afetado pela chegada do magnata do imobiliário à Casa Branca, mas Robert Redford respondeu que a política não tem lugar no festival norte-americano de cinema independente que fundou.
“Os presidentes vão e vêm. O pêndulo balança de um lado para o outro. Este sempre foi o caso e provavelmente sempre será”, disse o ator, duas vezes vencedor de Óscar, durante uma conferência de imprensa para lançar a edição de 2017 do evento anual nas montanhas do Utah, no Oeste dos Estado Unidos. “Nós não nos ocupamos de política. Precisamos de nos abster e de nos focar nas histórias contadas pelos artistas”, acrescentou.
Sem fazer referências diretas a Donald Trump, o intérprete de “Butch Cassidy and the Sundance Kid” (que deu origem ao nome do festival) afirmou que se esperam cortes no financiamento da cultura e que muitos receiam que “as coisas venham a ficar negras”.
Alguns filmes do festival
Entre os filmes que serão projetados durante os próximos 10 dias, “Trumped: Inside the Greatest Political Upset of All Time” oferece um vislumbre dos bastidores da vitória do novo ocupante da Casa Branca sobre a democrata Hillary Clinton.
É “uma ocasião de celebrar e reafirmar alguns dos valores fundadores do Sundance, como, evidentemente a capacidade que a arte e os artistas têm de fazer avançar tanto na sociedade, mas também a liberdade de expressão”, comentou.
Outro tema de destaque é o facto de, ao lado de uma seleção que mistura drama, suspense e comédias, o Sundance estar a lançar uma secção dedicada ao aquecimento global com 14 filmes e projetos em realidade virtual.
O mais esperado deles, "An Inconvenient Sequel", que surge 10 anos após o documentário fenómeno com Al Gore, "Uma Verdade Inconveniente", deverá colocar em imagens as consequências do aquecimento global.
O filme português "Pedro" sucede às curtas-metragens "Aula de condução" (2015), "Má raça" (2013) - premiado no IndieLisboa -, "Infinito" (2011) "Cavalos selvagens" (2010) e "A nossa necessidade de consolo" (2008), todas co-assinadas por André Santos e Marco Leão.
O Sundance Film Festival, começa nesta segunada-feira,23, e segue até dia 29, é uma das iniciativas do Sundance Institute, criado pelo ator, realizador e produtor Robert Redford.
(FM \ sapo.pt).