Revelando, imortalizando histórias e talentos
8.5.06

Como tratá-lo?

- É evidente que a escolha do tratamento precisa levar em conta todas essas peculiaridades. Para tanto, é fundamental identificarmos fatores prognósticos: conjunto das características que dão idéia da gravidade do quadro e da probabilidade de resposta à terapêutica. Na década de 1970, sugiram os primeiros estudos cooperativos internacionais. Neles, pesquisadores de vários centros reúnem em pouco tempo centenas, milhares de pacientes com o mesmo tipo de câncer, divididos de acordo com determinados fatores prognósticos, para distribuí-los ao acaso com a finalidade de receber esquemas de tratamento que serão comparados estatisticamente no final. Esses estudos provocaram uma revolução na cancerologia. Decidir a melhor forma de tratar alguém deixou de depender exclusivamente da impressão subjetiva do médico.

Nenhuma droga é eficaz contra o câncer?

- Hoje, por mais promissora que seja uma droga, só será aprovada para uso clínico caso demonstre eficácia nesses estudos internacionais com milhares de pacientes. Como conseqüência, dispomos de medicamentos bem avaliados, com índices de resposta previsíveis e toxicidade conhecida. Esse processo, no entanto, é caro e demorado. A indústria farmacêutica calcula que são necessários no mínimo dez anos de pesquisa para lançar um novo produto no mercado, a um custo médio de um bilhão de dólares. Para complicar, a experiência mostra que cada medicamento descoberto ajuda a curar apenas certos subgrupos de pacientes e a prolongar por mais alguns meses a sobrevida dos incuráveis. Todos os tumores avançados que curamos nos dias atuais exigem combinações de várias drogas, freqüentemente associadas a modalidades como cirurgia e radioterapia.

Qual é o cenário atual ?

No cenário atual: a sociedade exige remédios eficazes e seguros, mas eles consomem tempo e dinheiro para provar sua utilidade. Num congresso internacional realizado neste mês na cidade americana de New Orleans, um pesquisador fez o cálculo de quanto gastaria um doente com câncer de intestino avançado que vivesse 18 meses à custa do uso dos principais antineoplásicos disponíveis: US$ 250 mil, sem contar gastos com analgésicos, exames, consultas ou internações! - "Que país poderá pagar essa despesa?" - perguntou ele. Tradicionalmente, os avanços tecnológicos ficam mais baratos à medida que se popularizam. Entretanto, isso não acontece com a maioria dos medicamentos usados em oncologia; eles entram no comércio a um preço elevado para serem logo substituídos por inovações mais caras ainda.

Prevenção e diagnóstico precoce

Como não viveremos as décadas necessárias até a ciência descobrir e testar todas as drogas necessárias, o que fazer para não morrermos de câncer? Antes de tudo, lembrar que essa é uma doença passível de prevenção: perto de 40% dos casos são provocados por cigarro. Vida sedentária, consumo exagerado de álcool, dietas pobres em vegetais e ricas em alimentos altamente calóricos que levam à obesidade são responsáveis por mais 30% (só para citar as causas evitáveis mais importantes).

Mas, como nos defender dos tumores que surgem ao acaso ou por predisposição genética?

Nessas situações, a única solução é o diagnóstico precoce. Alguns exames, como a mamografia, permitem evidenciar tumores antes de atingirem 1cm, apresentação curável em quase 100% dos casos. Outros, como a colonoscopia, permitem não apenas visualizar o intestino por dentro e surpreender tumores iniciais, como retirar lesões na fase pré-maligna para evitar sua progressão.

Estudo das proteínas

Quanto às neoplasias para as quais não existem métodos preventivos, a solução virá com o
estudo das proteínas. Os tumores malignos às vezes aumentam a produção de certas proteínas normalmente excretadas pelos tecidos normais. A detecção delas na corrente sangüínea permite o diagnóstico precoce: é o caso do PSA, o exame para detectar o câncer de próstata. Nos tumores em que ainda não foram identificadas proteínas desse tipo, a ciência básica deverá desenvolver todo esforço para fazê-lo. A tarefa é achar uma agulha no palheiro: encontrar, no meio de cerca de um milhão de proteínas presentes no sangue, qual delas foi produzida especificamente pela célula tumoral. O conhecimento para tanto está disponível, o que falta é um Projeto Proteinoma de cooperação internacional, como foi o Projeto Genoma que identificou todos os genes humanos em 12 anos.

O que possibilitam essas proteínas?


O conhecimento dessas proteínas exclusivas das células malígnas possibilitará inquéritos populacionais com a finalidade de identificar os indivíduos que correm risco de apresentar câncer, de modo a surpreendê-lo na fase inicial. Permitirá ainda avaliar a agressividade de cada caso e a probabilidade de resposta ao tratamento proposto, para evitar o que acontece atualmente: tratarmos cem doentes com esquemas tóxicos, caríssimos, que beneficiarão apenas vinte.[Francisco Martins]
*Reportagem publicada na Revista Sinal Verde - Edição 43 março e abril 2006

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link da notíciaBy Equipe formasemeios, às 15:07 

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