No filme Robocop, o Policial do Futuro tinha seu corpo destruído, para imediatamente refazê-lo usando comando robóticos.
O cinema sempre teve como mérito forçar a ciência e a tecnologia apressarem-se. Sempre que algo espantoso tecnologicamente aparece no cinema, ou já está em fase de pesquisa ou logo servirá de estudo. Essa "parceria" entre cineastas e cientistas, com base na proposta do cineasta Paul Verhoeven, no filme Robocop - O Policial do Futuro, foi encampada pela Universidade de Duke [ E UA ]. No filme, o policial Murphy interpretado por Peter Weller, tem seu corpo destruído numa missão, para em seguida ter suas funções motoras restauradas pela robótica. Quase duas décadas depois mostra que a ficção já não está tão distante assim. Os cientistas da Duke University desenvolveram uma técnica inovadora, que usa a neuroinformática para dar mobilidade em paraplégicos, tetraplégicos e mesmo quem teve membros amputados. O equipamento que vem sendo chamado de "armadura eletrônica" deverá chegar ao mercado em até cinco anos. O médico que coordena a pesquisa é o brasileiro Miguel Nicolelis, doutor em neurofisiologia adiantou que o Hospital Israelita Albert Einstein acaba de formar parceria com a universidade americana cuja finalidade é a de realizar testes.
A ARMADURA / TESTES
A armadura eletrônica funciona por meio de estímulos emitidos por microeletrodos implantados no cérebro, assim os membros robóticos podem receber os comandos do pensamento. Em 1999, a equipe de Nicolelis realizou estudos em ratos, e funcionou. No ano de 2004, foram feitos testes com macacos e os efeitos foram ainda mais animadores. " No começo os macacos usavam joysticks para comandar movimentos numa tela de computadores e, depois, já com os microeletrodos implantados eles passaram a executar os movimentos da tela sem usar os joysticks ou mãos", explica o cientista. Ou seja, os macacos perceberam que tinham essa habilidade e, algum tempo mais tarde, sequer moviam os membros para executar os movimentos na tela, faziam apenas com a força do pensamento. O cérebro " incorpora " o aparato eletrônico como se fosse uma extensão do corpo.
MEMBROS SUPERIORES
Os estudos estão concentrados nos membros superiores devido seus campos neuronal serem mais acessíveis que os inferiores. Esses campos são identificados por meio de mapeamento cerebral, e é essa a colaboração do Hospital Albert Einstein. Segundo os cientistas, num futuro bem próximo, pode ser possível que a roupa robótica perceba estímulos táteis. Isso que dizer que quem usá-la poderá sentir temperaturas e texturas por meio de toque feito por membros mecânicos, mãos por exemplo. Os experimentos clínicos com humanos devem ter início ainda neste ano. Porém o HIAE não começou o cadastramento de voluntários. Apesar de não afirmarem o montante gasto nas pesquisas, deixam escapar de que a estimativa é da ordem de US$ 1 milhão por ano. [ Francisco Martins ]