Transformar em peça de exposição objetos usados em cerimônias religiosas, festivas ou no dia-a-dia é a proposta deste museu Francês. Mostrar arte não européia.
O Museu do Quai Branly, em Paris, inaugurado nesta sexta-feira 23, e que abre ao público sábado 24, com a expectativa de receber 10 mil visitantes por mês. Com peças interessantes como as feitas no início do século 19 pela tribo indígena haida, na Colúmbia Britânica, Brasil e no Canadá. Até uma máscara pertenceu ao escritor surrealista André Breton pode ser vista no Quai Branly. Ele e outros artistas franceses do fim do século 19 e início do 20, a exemplo de Picasso, Gauguin e Matisse, foram influenciados pelos objetos de civilizações até então pouco conhecidas, que estavam sendo descobertas e catalogadas pelas missões científicas francesas espalhadas pelo mundo. Alguns deles, caso do próprio Breton, tiveram a oportunidade de ver essas peças in loco e de se tornar importantes colecionadores. O museu custou 235 milhões de euros e levou cinco anos para ficar pronto, é bem modernoso. O projeto é do arquiteto francês Jean Nouvel, que também assina o ultramoderno Hotel Lucerne, na Suíça, o Instituto do Mundo Árabe e a Fundação Cartier, ambos em Paris, e a fálica Torre Agbar, em Barcelona. O lado de fora, o que mais chama a atenção é o grande muro de vidro, com 200 metros de comprimento, e as paredes coloridas, que contrastam com a uniformidade do conjunto de edifícios em estilo hausmaniano, feitos entre o fim do século 19 e o início do século 20. Em exposição permanente, 3.500 objetos ficam podem ser vistos. No total, cerca de 300 mil peças integram o acervo. São máscaras, estátuas, trajes, colares, brincos e instrumentos musicais provenientes da África, da Ásia, da Oceania e das Américas.
O espírito é destacar o diferente, o outro. Ou, nas palavras do diretor do museu, Stéphane Martin, “colocar a cultura não européia no mesmo patamar da nossa”. Dentre as 65 vitrines, com 900 peças, há duas dedicadas exclusivamente a objetos feitos por índios brasileiros. São colares, chocalhos, trajes e cocares, a maioria feitos de penas de arara pelos bororo, do Mato Grosso, e recolhidos pelo antropólogo francês Claude Lévi-Strauss nos anos 1930. O forte do museu do Quai Branly, são as peças vindas do norte da África e da Oceania, onde se localizam as antigas colônias e alguns dos departamentos franceses de além-mar. Fotos: divulgação: No alto, à esquerda símbolo do Museu Quai, à direita artefatos de índios da oceânia e embaixo, à direita o museu. [Francisco Martins]