Bidu Sayão: a maior cantora lírica do Brasil
Dona de uma voz límpida e delicada, a soprano brasileira Bidu Sayão foi uma das mais respeitadas artistas do Metropolitan Opera de Nova York. Seu prestígio pode ser observado a partir do hall do teatro, que ostenta um imenso quadro em sua homenagem. Ao longo de sua carreira não só conviveu mas também trabalhou com as maiores personalidades artísticas século XX, como o maestro Arturo Toscanini, um de seus grandes admiradores que a chamava de "la piccola brasiliana", com Maria Callas, Guiomar Novaes e Carmem Miranda. Além disso, foi a parceira favorita de Villa-Lobos, em uma carreira que durou 38 anos. Nesse período, emprestou sua voz e imortalizou a Bachiana n.º 5, sendo essa considerada pelo maestro como a mais perfeita gravação da obra, foi escolhida para o prêmio Hall of Fame, dado pela National Academy of Recording Arts and Sciences.
Bidu Sayão iniciou seus estudos musicais no Rio de Janeiro e aos 18 anos fez sua estréia no Teatro Municipal da cidade. Iniciou sua carreira internacional na Romênia, e aperfeiçoou seu canto em Nice, na França, com Jean de Reszke, o mais famoso professor da época, adquirindo a técnica perfeita e a delicadeza que viriam caracterizá-la. Em Roma, cidade que a viu nascer para o teatro lírico, foi surpreendida por um convite para que abrisse a temporada do Teatro Constanzi. Sua interpretação de Rosina em ‘O Barbeiro de Sevilha’, de Rossini, foi feita de forma tão admirável que lhe rendeu a entrada definitiva na lista dos grandes intérpretes líricos da Europa. Em 1925, de volta ao Brasil, cantou novamente ‘O Barbeiro de Sevilha’ antes de inaugurar outra temporada do Teatro Constanzi. Depois disso atuou nos mais importantes teatros da Europa como por exemplo Teatro São Paulo, em Portugal, Teatro Opera Comique de Paris e no Alla Scala de Milão. Excelente atriz, sua força interpretativa garantiu-lhe viver 22 heroínas diferentes, entre elas, Ceci [O Guarani, Carlos Gomes], Gilda [Rigoletto, Verdi], Mimi [La Bohéme, Puccini], Suzana [Bodas de Fígaro, Mozart] e Violeta [La Traviata, Verdi].
A grande estreia
Em 1936, a soprano brasileira fez sua grande estréia para o público norte-americano, cantando La Demoiselle Élue, de Debussy, em apresentação regida pelo maestro Toscanini, no Carnegie Hall, em Nova York. No anos de1937, estrearia no Metropolitan Opera House de Nova York [onde foi grande figura por mais de 15 anos], cantando o papel título da ópera Manon Lescaut, de Jules Massenet. O volume de convites que recebeu para cantar, na época, fez com que interpretasse 12 papéis diferentes em 13 temporadas. Em fevereiro de 1938, cantou para o casal Roosevelt na Casa Branca. Na ocasião, o presidente chegou a oferecer-lhe a cidadania americana " rejeitada na hora por Bidu, que sempre cultivou o sonho de terminar a carreira e a vida como brasileira.
Encantados com Bidu Sayão, os norte-americanos não a deixariam partir. Continuou a dar concertos através de todo o país, sempre colhendo triunfos, sendo, por isso, chamada por eles de "The Charming Singer". Em agosto de 1955, obteve um de seus maiores sucessos cantando no Hollywood Bowl. Com a Calgary Symphony Orchestra, foi chamada de "Glamorous Soprano Star". Entre idas e vindas, o "Rouxinol Brasileiro" apelido que ganhou do escritor Mário de Andrade apresentou-se diversas vezes em palcos nacionais. Esteve no Rio de Janeiro em 1926, 1933, 1935 e 1936. Em São Paulo, apresentou-se nos anos de 1926, 1933, 1935, 1936, 1937, 1939, 1940 e 1946. Durante essas temporadas, cantou O Barbeiro de Sevilha, Rigoletto, Matrimônio Secreto, Um Caso Singular, Soror Madalena, O Guarani, Manon, Romeu e Julieta, I Puritani, La Traviata, La Bohéme e Lakmé.
Em 1957, ela decidiu encerrar sua carreira artística. Com a mesma La Demosele Élue com que entrou nos Estados Unidos, ela encerrou a carreira em 1958, ainda em perfeita forma e recebendo as maiores homenagens e melhores críticas dos jornais. Em 1959, após ter encerrado a carreira nos palcos e em público, fez uma gravação da Floresta Amazônica, de Villa-Lobos, atendendo ao pedido do compositor. Com a gravação Bidu Sayão se afastaria definitivamente. Este seu último trabalho ficou definido como o "canto do cisne". Em 1995 veio ao Rio de Janeiro para ser homenageada sendo o enredo da escola de samba Beija-Flor de Nilópolis. Antes de ir embora, não escondeu sua vontade de retornar ao Brasil. Balduína de Oliveira Sayão, mais conhecida como Bidu Sayão, morreu em 11 de maio de 1902 em Rockport, Maine, 13 de março de 1999. [FM – agenciafm@gmail.com
Unesco prepara: Biblioteca mundial digital
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BERNA - SUÍÇA - 10/01 [Agência FM] - A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura [Unesco] lançará na terça-feira,28 de abril, a Biblioteca Digital Mundial. O órgão poderá ser consultado gratuitamente via internet. A Unesco utiliza-se do acervo de grandes bibliotecas mundiais e instituições culturais de vários países, entre eles o Brasil. São dezenas de milhares de imagens, livros, mapas, manuscritos, filmes e gravações colhidos em bibliotecas em todo o mundo. Depois de digitalizados em sete idiomas para o site da Biblioteca Digital da Unesco http://www.wdl.org/ .

Verdadeiros tesouros culturais estão entre os documentos, como a obra da literatura japonesa O Conde de Genji, datada do século 11, que é considerado um dos romances mais antigos do mundo. Também, o primeiro mapa que menciona a América, de 1507, realizado pelo monge alemão Martin Waldseemueller e que se encontra na biblioteca do Congresso americano. Entre outras raridades do novo site constam as primeiras fotografias da América Latina, cujo material integram o acervo da Biblioteca Nacional do Brasil; o maior manuscrito medieval do mundo, conhecido como a Bíblia do Diabo, do século XII, que pertencente a Biblioteca Real de Estocolmo [Suécia], e outros manuscritos científicos árabes da Biblioteca de Alexandria, no Egito. Entretanto, o documento mais antigo é uma obra pictórica de oito mil anos com imagens de antílopes ensangüentados, na África do Sul.
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