Revelando, imortalizando histórias e talentos
10.12.09

 

Poetisa e ativista política faz centenário dia 8/12, e é homenageada na Sala Belisário de Souza, no 7º andar do edifício-sede da ABI. Na ocasião estarão presente parentes, amigos e admiradores da escritora, símbolo de luta pelos direitos humanos e pela garantia das liberdades democráticas.

 

 

Beatriz Ryff tem várias obras poéticas publicadas como “Roteiro” e “Profissão de fé”; “Antes que seja tarde”, um apanhado das memórias do seu pai - escrita em parceria com Dulcina sua irmã, também “A resistência: anotações do exílio em Belgrado”. Ela foi integrante de importantes movimentos revolucionários por exemplo “Juventude Comunista” e “Aliança Nacional Libertadora” (ANL). Presa, Beatriz foi exilada pelos regimes ditatoriais de 1936 e de 1964. Era casada com Raul Ryff, Secretário de Imprensa do Presidente João Goulart, e mãe do jornalista Vitor Sérgio Ryff, que morreu em no final da década de 90, e do economista Tito Ryff e do físico Luiz Carlos Ryff. No dia do centenário na ABI, participaram do evento, o Presidente da ABI, Maurício Azêdo, a Presidente do Modecon, Maria Augusta Tibiriçá, a representante do Grupo Tortura Nunca Mais, Jane Quintanilha, o Presidente da Casa da América Latina, Raimundo Oliveira, a socióloga Moema Toscano, o cineasta Silvio Tendler, a historiadora Denize Goulart, filha do Presidente João Goulart; a Presidente do Movimento Feminino pela Anistia e Liberdades Democráticas, Regina Von der Veid, e os atores Joel Barcelos e Maria Pompeu, leram poemas da ativista política.

 

 

Militância

 

 

Beatriz Vicência Bandeira Ryff nasceu no bairro carioca do Méier, em 8 de novembro de 1909. Era filha dos abolicionistas Alípio Abdulino Pinto Bandeira e Rosalia Nansi Bagueira Bandeira. Aprendeu ler com o avô materno, dele, herdou a paixão pelas letras. Já de sua, o gosto pela música. Os primeiros versos surgiram quando tinha 9 anos. Porém, estudou piano, tendo se formado pela Escola Nacional de Música. Mas foi nas fileiras do Partido Comunista [PC], na década de 1930, que Beatriz conheceu o futuro esposo, o jornalista Raul Ryff, com quem foi casada por mais de cinqüenta anos. Os dois exerceram a militância política ao lado nomes respeitosos como o líder revolucionário Carlos Marighela, os jornalistas e escritores Eneida de Moraes e Álvaro Moreyra, sua esposa Eugênia, e Graciliano Ramos, que retratou a amizade com Beatriz e Raul Ryff no livro “Memórias do cárcere”.

 

No ano de 1936, Beatriz Ryff foi presa e, exilada para o Uruguai. Foi uma sobrevivente do cárcere da ditadura de Getúlio Vargas. Ela compartilhou a famosa “Sala 4”, na Casa de Detenção, no Rio de Janeiro, juntamente com Olga Benário, Nise da Silveira, Maria Werneck, e outras corajosas mulheres. Voltou ao Brasil, então, a ativista ingressou na Federação de Mulheres do Brasil [FMB], e passou a colaborar com diversos jornais e para revista Momento Feminino. Já em1964, por ordens do regime militar fora demitida do cargo de professora de Técnica Vocal do Conservatório Nacional de Teatro. Asilada com o marido na Embaixada da Iugoslávia, três meses depois seguiu para o exílio na Iugoslávia e, seguiria posteriormente para a França. Sua história está bem no seu livro “A resistência: anotações do exílio em Belgrado”. Em 1967, retorna ao Brasil, onde participou ativamente na organização da luta pela Anistia, tendo sido uma das fundadoras do Movimento Feminino pela Anistia e Liberdades Democráticas [MFALD]. A longeva Beatriz, encontra-se muito bem de saúde, mas é visitada somente por filhos e parentes próximos.

 

A ABI estará entregando uma moção a um representante da Assembléia Legislativa do estado do Rio de Janeiro, para que seja outorgada a Medalha Tiradentes à Beatriz Ryff..

EDITORIAS:
link da notíciaBy Equipe formasemeios, às 15:04  comentar

Eneida de Moraes – mulher linha de frente

Ela era brava na luta política e terna em relação à cultura popular. Muitos a confundia com alguém que se preocupava em brincar e fazer com que outros brincassem no carnaval.

 

Eneida de Moraes nasceu em Belém do Pará, em 23 de outubro de 1904, filha de uma professora, culta, herdou o gosto pela literatura. Escritora, cronista de jornal, historiadora do carnaval. Durante sua carreira manteve amizade com artistas, sambistas, marcando então, sua presença na vida carioca onde viria a cumprir pena em 1935, devido sua atuação política em Belém. Ficou presa por 13 anos, o que lhe garantiu citação no livro de Graciliano Ramos "Memórias do Cárcere". Eneida sempre estava na linha de frente de defesa dos temas que mais às questões nacionais. Mulher valente, talentosa e engajada em causas e manifestações sociais, ela guardava memórias e sabores de sua terra natal, mesmo se considerando uma carioca convicta. Segundo relatos, era impossível não se encantar por Eneida, uma frequentadora dos círculos literários da cidade, onde transitava entre a livraria São José [propriedade de Carlos Ribeiro], pioneira nas tardes de autógrafos para lançamentos de livros ou o Café Vermelhinho.

 

 

Carnavalesca

 

 

Na área carnavalesca foram muitos os fatos que tornaram o evento ainda mais empolgante. O livro História do Carnaval Carioca [1958] e o Baile dos Pierrôs por exemplo. A obra literária é indispensável; Eneida se dedicou a escrever mais de 800 páginas em 20 anos de pesquisas. Dele, alguns filhotes como o show carnavália, dirigido por Paulo César Grisoli, no antigo teatro Casa Grande, com elenco estelar: Marlene, Blecaute, Índio e seu Conjunto. O baile dos Pierrôs, era uma abertura pré-carnavalesca, onde os mais importantes intelectuais cariocas compareciam ao evento em peso: Sérgio Porto, João Condé, Ênio Silveira, Antônio Bandeira e artistas por exemplo Rose Rondelli, Zélia Hoffman, entre outras. Outra façanha foi a recuperação da marcha rancho. Ameaçada de desaparecer, Eneida liderou campanha intitulada Louvor ao Rancho, cujo show foi promovido no Teatro Casa Grande com Banda Sinfônica do Corpo de Bombeiros, e o repertório composto pelas mais belas marcha-rancho de todos os tempos. Foi presidenta da "Comissão para Estudar os Problemas do Carnaval Carioca" entre outras.

 

Imprensa

 

Sua vida na imprensa começou na Revista da Semana, em Belém do Pará, e logo descobriu que não tinha vocação para odontologia. Era o início de sua carreira propriamente dita como colunista. Manteve por vários anos uma coluna no "Diário de Notícias", já no Rio de Janeiro. Lá, escrevia excelentes crônicas onde comentava fotos do cotidiano ou na fazenda. Ligou-se ao grupo de intelectuais como Sérgio Buarque de Holanda, Cícero Dias, Murilo Mendes. Assim, afirmava-se cada vez mais como jornalista e escritora. Escreveu vários livros, sendo " Cão da Madrugada" {crônicas [1954] o mais conhecido e de grande repercussão no lançamento. Ficaram livros inéditos: O Quarteirão, Paris, e Outros Sonhos e Sujinho de Terra [todos de crônicas].

 

Perfil

 

Eneida nasceu em Belém, onde fez o antigo curso primário [atual ensino fundamental]. Aos cinco anos já sabia ler e escrever. Porém, logo viria com a família para Petrópolis, RJ. Lá, estudou no colégio Sion, até 13 anos, quando retorna a para sua terra natal. O sofrimento começaria ai. A morte de sua mãe lhe trouxe grande tristeza. Mas, a responsabilidade de cuidar dos três irmãos mais jovens o faria amadurecer logo. Cursou odontologia , tendo feito o curso em um ano. Depois, cursou taquigrafia e datilografia, cursos high tech da época. Já no Rio de Janeiro, a década de 30 foi muito difícil pois fora presa várias vezes por motivos políticos. Desgostosa, viajou para Paris só com a cara e a coragem. Mantinha-se somente com o pouco dinheiro dos artigos que escrevia para o Diário Carioca. Mas foi um período bem interessante pois conheceu figuras como Jean Cocteau e Picasso, por exemplo. De volta ao Rio de Janeiro passaria a repórter de o Diário de Notícias. Eneida morreu aos 66 anos, em um leito do Hospital Miguel Couto, as 16h45 do dia 21 de abril de 1971. Foi velada no Salão Nobre do Museu da Imagem e do Som, no Rio de Janeiro, e depois trasladado para Belém do Pará, para fazer valer sua última vontade que era ser enterrada na terra natal.

 

Livros

 

Terra Verde - poesias [1929]

 

Aruanda - crônicas [1957]

 

Caminhos da Terra; URSS, Tchecoslováquia, China

 

impressões de viagens

 

Keté - infantil - 1953

 

Copacabana - História dos Subúrbios [ história - 1959]

 

Romancistas Também Personagens [1962] reportagens

 

Rancho de Cheiro [1962], crônicas

 

Boa Noite, Professor - crônicas [1965]

EDITORIAS:
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