Poetisa e ativista política faz centenário dia 8/12, e é homenageada na Sala Belisário de Souza, no 7º andar do edifício-sede da ABI. Na ocasião estarão presente parentes, amigos e admiradores da escritora, símbolo de luta pelos direitos humanos e pela garantia das liberdades democráticas.
Beatriz Ryff tem várias obras poéticas publicadas como “Roteiro” e “Profissão de fé”; “Antes que seja tarde”, um apanhado das memórias do seu pai - escrita em parceria com Dulcina sua irmã, também “A resistência: anotações do exílio em Belgrado”. Ela foi integrante de importantes movimentos revolucionários por exemplo “Juventude Comunista” e “Aliança Nacional Libertadora” (ANL). Presa, Beatriz foi exilada pelos regimes ditatoriais de 1936 e de 1964. Era casada com Raul Ryff, Secretário de Imprensa do Presidente João Goulart, e mãe do jornalista Vitor Sérgio Ryff, que morreu em no final da década de 90, e do economista Tito Ryff e do físico Luiz Carlos Ryff. No dia do centenário na ABI, participaram do evento, o Presidente da ABI, Maurício Azêdo, a Presidente do Modecon, Maria Augusta Tibiriçá, a representante do Grupo Tortura Nunca Mais, Jane Quintanilha, o Presidente da Casa da América Latina, Raimundo Oliveira, a socióloga Moema Toscano, o cineasta Silvio Tendler, a historiadora Denize Goulart, filha do Presidente João Goulart; a Presidente do Movimento Feminino pela Anistia e Liberdades Democráticas, Regina Von der Veid, e os atores Joel Barcelos e Maria Pompeu, leram poemas da ativista política.
Militância
Beatriz Vicência Bandeira Ryff nasceu no bairro carioca do Méier, em 8 de novembro de 1909. Era filha dos abolicionistas Alípio Abdulino Pinto Bandeira e Rosalia Nansi Bagueira Bandeira. Aprendeu ler com o avô materno, dele, herdou a paixão pelas letras. Já de sua, o gosto pela música. Os primeiros versos surgiram quando tinha 9 anos. Porém, estudou piano, tendo se formado pela Escola Nacional de Música. Mas foi nas fileiras do Partido Comunista [PC], na década de 1930, que Beatriz conheceu o futuro esposo, o jornalista Raul Ryff, com quem foi casada por mais de cinqüenta anos. Os dois exerceram a militância política ao lado nomes respeitosos como o líder revolucionário Carlos Marighela, os jornalistas e escritores Eneida de Moraes e Álvaro Moreyra, sua esposa Eugênia, e Graciliano Ramos, que retratou a amizade com Beatriz e Raul Ryff no livro “Memórias do cárcere”.
No ano de 1936, Beatriz Ryff foi presa e, exilada para o Uruguai. Foi uma sobrevivente do cárcere da ditadura de Getúlio Vargas. Ela compartilhou a famosa “Sala 4”, na Casa de Detenção, no Rio de Janeiro, juntamente com Olga Benário, Nise da Silveira, Maria Werneck, e outras corajosas mulheres. Voltou ao Brasil, então, a ativista ingressou na Federação de Mulheres do Brasil [FMB], e passou a colaborar com diversos jornais e para revista Momento Feminino. Já em1964, por ordens do regime militar fora demitida do cargo de professora de Técnica Vocal do Conservatório Nacional de Teatro. Asilada com o marido na Embaixada da Iugoslávia, três meses depois seguiu para o exílio na Iugoslávia e, seguiria posteriormente para a França. Sua história está bem no seu livro “A resistência: anotações do exílio em Belgrado”. Em 1967, retorna ao Brasil, onde participou ativamente na organização da luta pela Anistia, tendo sido uma das fundadoras do Movimento Feminino pela Anistia e Liberdades Democráticas [MFALD]. A longeva Beatriz, encontra-se muito bem de saúde, mas é visitada somente por filhos e parentes próximos.
A ABI estará entregando uma moção a um representante da Assembléia Legislativa do estado do Rio de Janeiro, para que seja outorgada a Medalha Tiradentes à Beatriz Ryff..