Depois do terremoto de primeiro de setembro de 1923 que Paul Claudel já previu 'O Desastre Japonês' de 2011.
O então embaixador Claudel em sua casa em Tókio, Japão |
Ele começa narrando "Yokohama está destruída. Do mar às colinas de Kanagawa, com a exceção de uma única casa que ergue desajeitadamente perto da estação de trem de Sakunagicho seu bloco luminoso de cerâmica, tudo está vazio". Assim descrevia também este terremoto de magnitude 7,9, escala Richter, que fez 142.807 mortos e desaparecidos em Tóquio e arredores. Segundo estimativas é de que o terremoto e do tsunami que atingiram o Japão, chegou na quarta-feira, 16, a mais de 5.000 óbitos. A perspectiva é de que o número ultrapasse 10 mil.
Escritor e embaixador no Japão de 1921 a 1927, Paul Claudel havia feito um relato comovente intitulado "O Desastre Japonês" sobre o que foi uma das grandes tragédias dos tempos modernos, foi publicado na revista 'Lectures' e depois publicou o livro em janeiro de 1924. O embaixador percorreu a região atingida pelo terremoto socorrendo 300 moradores franceses do porto de Yokohama e partiu à procura de sua filha, que encontrou sã e salva.
Ele descreve: Tóquio, 1º de setembro de 1923. "Tudo tremeu. Foi algo tão aterrorizante ver ao meu redor a terra mexer como se enchesse de repente de uma vida monstruosa e autônoma. Minha antiga embaixada se debatia entre seus pilares como um barco amarrado", descreve Claudel.
Diz ele "Os incêndios começaram. De ambos os lados colunas de fumaça se erguem. A água foi cortada, os hidrantes esmagados sob as ruínas, o vento sopra forte, é um tufão que passa neste momento sobre a capital", escreve emocionado Claudel.
Nove horas depois, o então embaixador Paul Claudel conseguiria chegar ao porto de Yokohama, "uma grande cidade que queimava sob seus olhos completamente" com tanques de petróleo em chamas, com labaredas atiçadas por ventos violentos que carbonizavam casas de madeira. "Um vapor ardente flutua sobre um depósito (de petróleo) que atiça ainda mais (...) os últimos sopros do tufão que definha".
..."Podíamos assistir a cenas violentas, comuns nestes tipos de catástrofes: um pai que acabava de ver sua filha ser queimada viva em sua frente; uma criança de dois anos abandonada, com as duas pernas queimadas". O aspirante a literato relata os dias que sucederam ao terremoto em Tóquio, "onde já se mobilizava um povo humilde e trabalhador". "Cada um chega com sua picareta, sua cesta, seu punhado de arroz, sua madeira, seu tecido, sua folha de zinco e em todas as partes se erguem pequenos abrigos tão frágeis quanto casulos", acescentou Claudel.