Com o Pronaf, a produção da família de Josemar passou de mil para 5 mil pés de tomate. Assistência técnica também vai atender 90 mil famílias em condições de extrema pobreza. LEIA também entrevista do em Questão e Formas&Meios com Everton Paiva, coordenador do Ministério do Desenvolvimento Agrário.
As ações de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) serão um instrumento da política de combate à miséria. No Plano Safra 2011-2012, o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) vai levar o atendimento a dez mil jovens da área rural e para 90 mil famílias em condições de extrema pobreza. O foco na juventude se justifica porque 40% dos 16,2 milhões de extremamente pobres têm menos de 14 anos.
Segundo o coordenador do Ater, Everton Augusto Paiva Ferreira, a população em extrema pobreza tem características próprias, por isso merecem uma ação não só intensiva, mas também diferenciada. Entre os principais elementos dessa estratégia está a elaboração de um diagnóstico inicial da família, inclusive destacando cada participante dela individualmente. Será feito um projeto familiar de estruturação produtiva e social que mais tarde será acompanhado pelas visitas técnicas regulares.
Além de atividades típicas de extensão rural, como cursos e distribuição de sementes para lavouras de autoconsumo, o técnico deverá organizar e encaminhar demandas por serviços sociais básicos da população que ganha menos de R$ 70 por mês por pessoa, como documentação, aposentadoria e energia elétrica.
Neste próximo ano, o MDA buscará ampliar as parcerias com instituições de ensino e pesquisa para o desenvolvimento de tecnologias de gestão e produção.
Assistência Técnica - Entre 2003 e 2010, foram investidos R$ 898,4 milhões em ações de Ater, mobilizando 24 mil técnicos que visitaram 1,6 milhão de famílias, como a de Josemar Souza, de Planaltina (DF). Com assistência técnica constante, em quatro anos, a produção da família passou de mil pés para 5 mil pés de tomate. "Com a orientação, acessei meu primeiro crédito e comprei duas estufas para plantar mil pés de tomate. Depois acessei o Pronaf, comprei mais duas". Ele deixou de trabalhar em campo aberto e passou a plantar nas estufas por conta da assistência técnica. “No campo tem muita praga e doenças e se perde muito a produção. Na estufa não se corre esse risco de perda, o custo do plantio é menor e no fim o produto é de mais qualidade. Com isso, agrego mais valor e vendo em um preço melhor", avalia Josemar.
MINI ENTREVISTA com Everton Augusto Paiva Ferreira - Coordenador do MDA
F&M: Porque o foco nos jovens? A instrução é diferente de um agricultor mais velho?
EAP: O jovem rural é um público que demanda uma ação específica e estruturada, pois possui vontades e necessidades que lhe são típicas da faixa etária. Essas carências vão além da perspectiva econômica, mas também de transformar o meio rural em um ambiente que lhe é atrativo. Além disso, o jovem precisa ser preparado para atuar em seu estabelecimento e de renovar o conhecimento ali dentro. Não basta reproduzir o comportamento de seus familiares, mas criar alternativas e opções produtivas, e mesmo ter oportunidade para empreender seus próprios negócios, suas próprias idéias.
EQ: Quanto aumenta a renda de um agricultor assistido?
EAP: Os serviços de Ater trabalham numa visão sistêmica de melhoria da qualidade de vida da família rural. Dentro dessa perspectiva a renda monetária é um item muito importante, mas também é fundamental perceber a relevância da renda não monetária, auferida com melhoria dos insumos obtidos dentro do estabelecimento, alimentos para autoconsumo e investimentos produtivos e pessoais. No caso da Ater, busca-se uma ação estruturada que trabalhe as atividades desenvolvidas pelo agricultor e novas alternativas produtivas. Isso com a perspectiva do "antes" e do "depois" da produção, em especial aspectos como a compra de insumos, venda da produção, sanidade e qualidade dos produtos e gestão da propriedade.
EQ: Quanto melhorou a qualidade do produto e as condições ambientais?
EAP: Uma das diretrizes da política nacional de Ater é a atuação para sistemas sustentáveis de produção, em especial de base ecológica. Isso referencia que a Ater contemporânea atua essencialmente no uso sustentável dos insumos agropecuários, justamente com foco em reduzir a dependência de insumos químicos com impacto ambiental danoso.
Saiba mais - Objetivos da Assistência Técnica e Extensão Rural
- Melhoria genética com introdução de reprodutores
- Densidade de plantio mais adequada para favorecer aumento de produtividade
sem custos adicionais
- Vacinações e mineralização do rebanho
- Aproveitamento dos produtos da biodiversidade
- Produção em bases agroecológicas
- Reserva estratégica de forragem
- Diversificação produtiva
- Fortalecimento dos arranjos produtivos locais
- Adoção de sistemas semi-intensivo das criações de pequeno porte: caprino, ovino,
galinha caipira e suínos
- Segurança alimentar e nutricional
- Preservação do banco genético das sementes crioulas regionais