Martin Mühle já interpretou muitos personagens exemplo Dom José da ópera Carmen, de Bizet, convenceu os críticos menos avisados em Siegmund, de Valkíria.
Ele é um dos cantores líricos brasileiros cuja agenda sempre consta espetáculos na Europa e na América Latina. Mühle encarna Siegmund no Teatro Municipal de São Paulo, por três vezes em 'A Valkiria' (1813 – 1883), de Richard Wagner. A obra é a segunda parte da tetralogia O Anel do Nibelungo, estreada por Wagner em 1876, e encenada em São Paulo pela última vez em nos anos 50, e antes disso, por volta dos anos XX.
A Valquíria narra a história do deus Wotan que, na busca por um mundo baseado no amor, corrompe-se e é confrontado com sua própria falibilidade. "O que a ópera aborda, fundamentalmente, são as relações humanas, a relação do homem com Deus, do homem com o poder. Na saga da queda dos deuses.
Martin convence
Alguns críticos menos avisados temiam pela interpretação de Martin Mühle em Siegmund, por achar leve demais para o papel. O tenor esteve à altura; foi um Siegmund bem lírico, teve brilho no registro agudo, não só conseguiu vencer a bronquite como construiu uma caracterização convincente de seu Siegmund. Convencendo, assim, em um espetáculo de quase cinco horas de duração e cheio de detalhes.
Ainda na parte vocal, destaques foram também Hunding e Fricka. O baixo norte-americano Gregory Reinhart que demonstrou também enorme solidez como o vilão da ópera.
Alguns senões vão para a burca e o apartamento “moderno” demais do primeiro ato, mas se fica encantado com a sala de ex-votos do segundo ato - dramática e musicalmente, tornando-se o coração do espetáculo.