Talvez o filme "A Garota Dinamarquesa" protagonizada por Eddie Redmayne, vá desagradar alguns setores da sociedade, alguns moralistas.
Mas, deixemos de lado tais questões e olhando-se apenas para o filme, conclui-se que ele tem muitos méritos. É elegante e terno ao colocar a trajetória dos personagens sob uma aura romântica.
Refere-se a uma época em que a tolerância social em relação a questões de gênero parecia muito menor do que na nossa.
Neste ponto, A Garota Dinamarquesa é até mesmo convencional e previsível ao relatar o caso clássico do indivíduo contra a mentalidade da sociedade da sua época. Mas, por repetido que seja esse esquema, sempre o acompanhamos com interesse.
Primeiro, porque de fato pioneiros em qualquer área sempre sofrem ao lutar contra forças obstinadas em impedir mudanças. Segundo, porque o cinema nos leva sempre a simpatizar e nos identificar com aquele que luta solitário contra uma estrutura muito mais forte e poderosa do que ele.
Um outro ponto bastante interessante em 'A Garota Dinamarquesa' é a relação de Gerda com Einar e, depois, com Lili. Nesse ponto a história toma outro peso e outra direção.
A Garota Dinamarquesa é um filme conservador do ponto de vista estético. Quer dizer, entra, em sua linguagem cinematográfica, em contradição com seu tema. Percebe-se isso na maneira como é construído o leva a uma atenuação do conflito que está em sua gênese. E a falta de radicalidade não condiz com o temperamento corajoso de seus protagonistas. Vá sem medo de errar. É muito bom!
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Celebrar a própria identidade e se colocar como protagonista da indústria cinematográfica. Esse é o mote dos filmes produzidos pelo movimento Blaxploitation, estilo que fez sucesso nos Estados Unidos na década de 1970.
BELO HORIZONTE (MG) BRASIL - O Cine Humberto Mauro, localizado no Palácio das Artes (Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro) resgata esse importante momento cultural durante a mostra Universo Pulsante da Blaxploitation, um recorte que reúne obras icônicas como “Sweet Sweetback's Baadasssss Song” (1971), “Shaft” (1971) e “Foxy Brown” (1974).
A mostra é gratuita e os ingressos devem ser retirados 30 minutos antes de cada sessão. Os filmes ficam em cartaz até o dia 22 deste mês. Para conferir a programação completa, acesse .
Serão exibidos 22 filmes em formato digital e que marcaram a década de atividades da Blaxploitation. Além dos títulos já citados, destaque para “O Chefão de Nova York” (1973), de Larry Cohen, “Mandingo - O Fruto da Vingança” (1975), dirigido por Richard Fleischer, e o único documentário da mostra, “Wattstax” (1973). Dirigido por Mel Stuart, a obra narra a história do festival de música de mesmo nome realizado em Los Angeles, em 1972, considerado o Woodstock Negro.