Revelando, imortalizando histórias e talentos
22.2.10

 

O empresário artístico era obrigado a incluir autores nacionais na programação. Dom José Amat foi de suma importância na formação dos principais compositores nacionais
 

As primeiras tentativas de se criar uma ópera brasileira ocorreu ainda em Portugal, no século XVIII, por Antônio José da Silva {1705-1739} mais conhecido como "o Judeu". Suas peças musicadas de forma picaresco eram compostas por modinhas brasileiras entremeadas por árias italianas e também trechos originais. Toda essa mistura dava um ar cômico algo semelhante ao que fizeram Gay e Pepusch em "The Beggar's Opera. Entretanto, não podiam ser consideradas óperas, aproximavam-se com as zarzuelas, espanholas, comédias intercaladas com cantos.

Foi no século XIX que nasceu a primeira peça brasileira com traços verdadeiramente operísticos. Uma composição do Padre José Maurício Nunes Garcia {1767- 1830 - leia mais sobre o Pe https://blogs.sapo.pt/editjournal.bml } " Le Due Gemelle, que foi composta por ordem de Dom João VI, para ser cantada no Real Teatro São João, do Rio de Janeiro. Apesar de não se ter notícias de sua encenação, esta é a primeira composição legitimamente brasileira. Outras tentativas de compositores nacionais transcorriam por muitos anos, durante o tempo em que se divulgou o gosto pelo gênero no país. Graças a encenação de óperas estrangeiras ou óperas brasileiras de autores estrangeiros residentes no Brasil. No ano de 1854, houve mais uma tentativa frustrada de se levar a ópera " Marília de Itamaracá { A Donzela de Mangueira}, do alemão Adolf Maersch, com inspiração no livreto do italiano Luiz Vicente Simoni.
"A Noite de São João", levada no teatro São Pedro de Alcântara, no Rio de Janeiro, em 14 de dezembro de 1860, era encenada aquela que se considera a primeira ópera nacional escrita e representada. Nela, tudo era brasileiro: o libretista, José de Alencar, o compositor Elias Álvares Lobo e o argumento - uma história que se passava em São Paulo, na época colonial. O elenco era quase todo brasileiro também.

Apoio espanhol

A ópera brasileira contaria com apoio do Espanhol Dom. José Amat, para desenvolvê-la e preparar artistas. Para isso ele criou uma academia no Rio de Janeiro que contribuiria muito na formação de vários compositores entre os quais Elias Álvares Lobo { 1834-1901}, Domingos José Ferreira { 1837-1916}, compositor de " A Corte de Mônaco", e também na preparação de Henrique Alves Mesquita {1838-1906}, autor de " O Vagabundo}. Foi nessa academia onde estudou o mais conhecido operista brasileiro - Antonio Carlos Gomes {1836-1896}. Quando ainda estava ali matriculado, escreveu duas óperas: A Noite do Castelo e Joana de Flandres. Mas foi na Itália onde Carlos Gomes criaria as peças que deram-lhe projeção internacional " Il Guarany" Maria Tudor" Fosca" Salvador Rosa" , o Escravo e Condor". De todas, somente " O Escravo " teve estreia no Brasil, Rio de Janeiro, em 1889, um espetáculo em honra à Princesa Isabel. Entusiasmados pelos resultados obtidos por Carlos Gomes, partiram à Itália João Gomes de Araújo {1846-1943}, que compôs "Carmosina", levado à cena pela primeira vez no Teatro dal Verme, em Milão,1888. Henrique Oswald {1852-1931} e José Cândido da Câmara Malcher { 1852-1921}, autor de Iara, com versos em italiano do próprio autor inspirado na lenda da região amazônica.

Nos anos XX muitas foram as óperas brasileiras encenadas nos nossos teatros. Em parte porque os empresários artísticos eram obrigados a incluir novas obras nacionais nas temporadas. Na época surgiu "Dor!" de Assis Pacheco {1865-1937}, Primizie, de Abdon Milanês {1858-1927}, Carmela e Rei Galaor, de Araújo Viana {1870-1916}, Foscarina e Dom Casmurro, autoria de João Gomes Júnior {1868-1963}, Izaht – de Heitor Villa-Lobos {1887-1959 mais http://formasemeios.blogs.sapo.pt/618490.html}, O Contratador de Diamantes, tinha como autor Francisco Mignone { 1897- ... } e O Bandeirante, de Assis Republicano {1897- .... } e Malazarte , de Oscar Lorenzo Fernandez {1897-1948} com texto de Graça Aranha. Camargo Guarnieri {1907- ...} também compôs "Malazarte" com libreto de Mário de Andrade, cujo tema sugeria uma ópera tipicamente brasileira tendo como base o folclore. {Francisco Martins – com apoio de Fausto Visconde}
* Reportagem publicada, sem a cronologia, na versão impressa de http://www.boston.com/ , domingo 21/02/10, com tiragem de 1,6 mil exemplares.
 
Cronologia das principais óperas brasileiras levada à cena por nome, ano, autor e localidade de estreia.
 
A Noite de São João – 1860 – : Elias Álvares Lobo
A Noite do Castelo – 1861 - Antonio Carlos Gomes
A Corte de Mônaco – 1862 – Domingos José Ferreira
Joana de Flandres – 1863 – Antonio Carlos Gomas
O Vagabundo: ou A infidelidade, Sedução e Vaidade Punidas - 1863 –
Henrique Alves de Mesquita {Todas representadas no Rio de Janeiro}
Il Guarany – 1870 – Antonio Carlos Gomes { Em Milão – Itália}
Fosca – 1873 – Antonio Carlos Gomes {Milão – Itália}
Salvador Rosa – 1874 – Antonio Carlos Gomes {Gênova – Itália}
Maria Tudor – 1879 – Antonio Carlos Gomes { Milão – Itália}
Idália – 1881 – Henrique Eulálio Gurjão – Belém do Pará – BR
Carmosina – 1888 – João Gomes de Araújo {Milão – Itália}
Lo Schiavo – 1889 – Antonio Carlos Gomes – Rio de Janeiro – BR
Moema – 1889 – Assis Pacheco – São Paulo – BR
Burg Jargal – 1890 – João Cândido da Gama Malcher – Belém do Pará –BR
Condor ou Odaléia – 1891 – Antonio Carlos Gomes – {Milão – Itália}
Colombo: 1892 – Antonio Carlos Gomes – Rio de Janeiro – BR
Moema – 1894 – Delgado de Carvalho – Rio de Janeiro – BR
Iara – 1895 – João Cândido da Gama Malcher – Belém do Pará –BR
Os Saldunes – 1896 – Leopoldo Miguez – Rio de Janeiro – BR
Pelo Amor: 1897 – Leopoldo Miguez – Rio de Janeiro – BR
Flora: 1897 – Assis Pacheco – Rio de Janeiro – BR
Artemia – 1898 – Alberto Nepomuceno – Rio de Janeiro – BR
Hóstia – 1898 – Delgado de Carvalho – Rio de Janeiro – BR
Estrela – ou Dor! – 1900 – Assis Pacheco – Rio de Janeiro – BR
 
Jupira – 1900 – Francisco Braga – Rio de Janeiro –BR
Sandro – 1902 – Murilo Furtado – Porto Alegre – BR
Pastoral: 1903 – quatro compositores – Campinas – São Paulo BR
Primizie: 1904 – Abdon Milanês – Rio de Janeiro – BR
Carmela: 1906 – Araújo Viana – Rio de Janeiro – BR
Helena: 1908 – João Gomes de Araújo – São Paulo /SP – BR
La Boscaiola – 1911 – João Gomes Júnior – São Paulo/SP, BR
Sideria – 1912 – Augusto Stresser – Curitiba – BR
Abdul – 1913 – Alberto Nepomuceno – Buenos Aires – Argentina
Rei Galaor: 1913 – Araújo Viana – Rio de Janeiro – BR
Izath: 1917 – Heitor Villa-Lobos – Rio de Janeiro –BR
Notte Bizarra: 1917 – Alípio César Pinto da Silva – Belém do Pará –BR
Poema da Vida: 1922 – João Otaviano Gonçalves – Rio de Janeiro – BR
Dom Casmurro – 1922 – João Gomes Júnior – Rio de Janeiro – BR
Heliofar_- 1923 – Júlio Reis – Rio de Janeiro- BR
A Bela Adormecida – 1924 – Carlos de Campos – São Paulo/SP – BR
O Contratador de Diamantes – 1924 – Francisco Mignone – Rio de Janeiro – BR
O Bandeirante – 1925 – Assis Republicano – Rio de Janeiro – BR
Um Caso Singular: 1926 – Carlos de Campos – São Paulo / SP –BR
Sóror Madalena: 1926 – Alberto Costa – Rio de Janeiro – BR
L’ Innocence – 1928 – Francisco Mignone – Rio de Janeiro – BR
Maria Petrovna – 1929 – João Gomes de Araújo – São Paulo/SP – BR
Ponaim: 1935 – Vitor Ribeiro Neves – Porto Alegre – BR
Farrapos: 1936 – Roberto Eggers – Porto Alegre – BR
Iracema – 1937 – João Otaviano Gonçalves – Rio de Janeiro – BR
A Descoberta do Brasil : 1939 – Eleazar de Carvalho – Rio de Janeiro –BR
Tiradentes: 1941 – Eleazar de Carvalho – Rio de Janeiro – BR
Malazarte: 1941 – Oscar Lorenzo Fernandez – Rio de Janeiro –BR
Il Neo – 1950 – Henrique Oswald – Rio de Janeiro – BR
A Ceia dos Cardeais – 1950 – Iberê Lemos – Rio de Janeiro – BR
Anita Garibaldi : 1950 – Heinz Geyer – Blumenau – SC – BR
Pedro Malazarte – 1952 – Camargo Guarnieri – Rio de Janeiro – BR
 
EDITORIAS:
link da notíciaBy Equipe formasemeios, às 14:50  comentar

De Anónimo a 25 de Fevereiro de 2010 às 18:04
Costumo ocupar minhas noites de insônia com música clássica e ópera, mas não tenho paciência para os vídeos do YouTube. Por duas razões: a primeira é que nem todos têm boa qualidade e depois, como a minha ligação em casa é lenta, o vídeo está sempre quebrando. Por isso, prefiro procurar rádios online. Tenho uma preferida: o http://cotonete.clix.pt/, um directôrio muito completo de outras rádios na mesma onda.

Fevereiro 2010
D
S
T
Q
Q
S
S

1
2
3
4
5
6

7
8
9
10
13

14
16
18

21
23
25
26
27

28


SITES INDICADOS
Buscar
 
blogs SAPO