Revelando, imortalizando histórias e talentos
3.2.07

 

Morre Chico Stockinger

 
Chico trabalhou como diagramador de jornais, xilogravura e fez seus estudos no RIo de Janeiro.
 

O escultor austríaco [Traun - 1919 ] radicado em Porto Alegre, RS, faleceu aos 89 anos na noite de domingo, 5 de abril. Francisco Stockinger chegou ao Brasil em 1921, e tornou-se um dos grandes nomes do Rio Grande so Sul. O escultor sofria de diabetes e problemas cardíacos. Toda formação artística foi realizada no Rio de Janeiro, primeiro no Liceu de Artes e Ofícios no de 1946, onde trabalhou no ateliê de Bruno Giorgi. Ao retornar para Porto Alegre passou a fazer diagramação para jornais e peças em xilogravura e caricaturas. Ele nunca parou sua pesquisa sobre à escultura. Chico realizou várias exposições tanto no Brasil quanto no exterior, Bienal de São Paulo, sendo que a concentração de suas exposições eram em Porto Alegre.
Trabalhando em madeira, bronze, ferro e mármore ele realizou obras múltiplas. Matérias menos nobres também eram utilizados como arame, pregos e parafusos. Seus últimos trabalhos foram esculturas abstratas em mármore e pedra, ambas com intuito de contemplar a beleza lírica, poética. O trabalho que deu-lhe notoriedade foi a série dramática de esculturas " Gabirus", da década de 1990, com inspiração nas famílias miseráveis nordestinas.
Outra temática recorrente na obra do artista era a humanidade na desconcertante crueza. Alguns trabalhos de Francisco Stockinger pode ser visto na exposição " De Valentim a Valentim: Escultura Brasileira dos Séculos XVII e XX, no Museu Afro Brasileiro, no Parque do Ibirapuera, São Paulo.
 
 

FRANZ HEISE - VIDA E OBRA

 
Seu trabalho lhe rendeu muitos elogios mas não o bastante para mantê-lo na elite de artistas mortos com retrospectivas ou catálogo. Em 10 de julho 2007, fez trinta anos de sua morte.


Nascido no dia 11 de maio de 1891 - provavelmente, em Hamburgo - Alemanha, chega ao Rio de Janeiro no final da década de 20, para em meados de 1950 mudar para São Paulo. Heise era um artista de excelência acadêmica, foi discípulo de Carl Bennewitz [1900-1949] e Rheinhold Begas[1831 - 1911], tendo realizado uma exposição com este último na National Galerie . "Heise era extremamente católico. O irmão foi sempre muito generoso para com a Igreja" comenta Pe Arlindo - do verbo Divino. Outro que faz questão de salientar a generosidade do artista é o monsenhor Walter Caldeira, da igreja onde ele viveu. Por quase toda sua vida no Brasil ele residiu no sótão de uma igreja na zona leste de São Paulo, com sua esposa Marta. Lá ele realizou quase todas às obras sacras existente, onde viria também a falecer. Amigo de personalidades artísticas da época seu trabalho de escultor foi elogiado e requisitado por muitos deles. Entre suas obras estão a cabeça do maestro Walter Burle-Marx, irmão do renomado paisagista e arquiteto que declarou: "Conheci-o muito e era um camarada que tinha capacidade, uma habilidade muito grande mas era acadêmico... e acadêmico no Brasil! não vinga. Ele esteve preso durante a Segunda Guerra Mundial" disse Roberto Burle-Marx em entrevista a Maria Cristina Burlamaqui e Lúcia Gouvêa Vieira.

 

Obras confirmadas e a confirmar

 

Realizou várias obras pelo sudeste, centro oeste, sul, Nordeste [BA]. Entre os trabalhos que constam definitivamente como de sua autoria, existem obras de real importância produzidas pelo artista por exemplo o busto do Conde de Afonso Celso, Dr. E. J. Gordon, [gesso] busto do professor Agache, Sr. K.K. [ gesso alto relevo ] e o busto de Yolanda Pereira [Miss Universo 1930] além de a cabeça do Maestro Walter Burle -Marx entre outras. Heise fez várias esculturas de animais sob encomenda para zoológicos brasileiros, porém a maioria desapareceriam, ou melhor, foram para lixos públicos. Já está confirmada a autoria de afrescos em uma igreja em São Paulo, cuja obra é ‘Pai Nosso’ . Pesquisas indicam para feitura de um retrato do poeta baiano Castro Alves, foi localizado, mas a autoria ainda carece de averiguação mais profunda.

Entre os grandes

 
Participou do Salão Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro - 1931 [12 de setembro], e de 1933. Participou de exposições com nomes importantes da arte brasileira como por exemplo, Cândido Portinari, John Graz, Tarsila do Amaral, Dimitri Smailovitch, Di Cavalcanti, Anita Malfatti e Carolina Penteado da Silva Telles entre outros. Ou seja, o supra sumo da arte brasileira. No Salão Pró-Arte, juntamente com Léo Putz [1869 - 1940], Hans Reyerscbach, Paulo Rossi Osir, Lothe Bogdanoff e Franz Heise, estes dois últimos escultores e pertencentes à escola e aos preceitos expressionistas, uma forte corrente e vigente da arte alemã. Na Alemanha, Heise realizou obras públicas como as Valkírias. Com Carl Bernewitz ele tomou gosto pela escultura. Mas foi com Rheinhold Begas com quem Heise desenvolveu toda sua técnica e influência naquele país, ou seja, ele debruçou-se sobre suas obras, estudou-as profundamente. Seus moldes em gesso demonstravam todo o período em que fora seu discípulo. Como afirmou Roberto Burle-Marx que, o seu academicismo sem concessão talvez tenha sido a causa do isolamento em um sótão de uma igreja. Muito meticuloso ao realizar uma obra, havia um certo esmero também nos croquis o que também os transformam em uma segunda obra de arte, não menos valiosa pois toda criatividade está impressa. Mulheres nuas, anjos e painel sacro onde oração como o Padre Nosso é retratado em todas as palavras; em suas estações é de encher os olhos de qualquer apreciador de arte. Infelizmente, a maioria de seus trabalhos encontram-se jogados no lixo em alguns depósitos públicos, seja na baixada fluminense, Rio de Janeiro ou em outros estados como Bahia e Paraná onde consta decoração da fachada de uma igreja. Informações sobre o artista na imprensa da época é outra dificuldade, quando encontrada, além de estar no idioma alemão, o estado de conservação não permite uma correta tradução. O artista viria a falecer por problemas típicos da idade em 10 de julho de 1977, logo após a morte de sua esposa Marta, em 23 de junho do mesmo ano. [Francisco Martins ]
 

 

maria martins
Traição, talento e erotismo fizeram parte da vida da artista que escolheu a escultura para se expressar em tempos de "clausura feminina".

Maria de Lourdes Faria Alves Martins nasceu em Minas Gerais, no município de Campanha, em 1900. Escultora, pintora, suas obras são reconhecidas na Europa e Estados Unidos. Adotou apenas Maria Martins para estravasar sua farta criatividade e, defender os direitos das mulheres, que até o século XIX não tinham nenhum espaço na sociedade, ainda mais empunhar um pincel. Para Maria as coisas seriam mais difíceis visto que escolhera à escultura, um nicho de arte cuja predominava os homens. Estaria MM fadada ao fracasso? Se não fosse avançada para sua época e desarmada de qualquer preconceito, ela não triunfaria na arte e nem na vida particular. Aliás, sua vida particular geraou tanto interessa quanto suas esculturas eróticas. Viveu romances ultra-proibidos, entre eles com o artista francês Marcel Duchamp, quando ainda era casada com o embaixador brasileiro Carlos Martins, em Nova Iorque. MM residiu também em Paris onde aprendeu e deu início seu trabalho em madeira, e depois, no Japão onde desenvloveu escultura em terracota. Ela estudou pintura em Paris mas se interessou mesmo pela escultura. No Brasil, muitos conhecedores de artes acham-na mais importante do que Tarsila do Amaral, pensamento este que encontra fundamento também através deste que escreve. Mas sua carreira no exterior obteve exitos muito superiores ao de sua terra natal. No ano de 1941 foi destaque na Corcoran Gallery of Art em Washington, sendo um dos seus trabalhos expostos adqüirido pelo Museum of Modern Art, de Nova Iorque.

O reconhecimento

Estava aberto o caminho para o reconhecimento e o sucesso. A partir daí, nomes influentes passaram a se interessar por ela e, não demoraria muito para suas esculturas entrarem para seletos acervos de importantes colecionadores como Federico Cantu [México], Max Jimenez, [ Costa Rica ] e Mário Carreño - de Cuba. Seu trabalho sempre remetia ao erotismo por exemplo "O impssível" que nada mais o é que um ato sexual, um coito. Outro fator dessa escultura é o canibalismo que na arte torna-se ainda mais melancólico. É uma obra totalmente voltada à subjetividade. MM supera barreiras com seu trabalho, pois algo dessa maneira fora visto na escultura Älma Penada" de Almeida Reis [1885] que retrata um louco crispado no campo. Martins avançou rumo ao surreal em "Oitavo véu", onde usou sua própria filha Anna Maria como modelo. Distorcendo a cabeça, as mãos e os pés, numa representação grotesca da forma das raízes das plantas, algo que viria a lhe fascinar quando de seu contato com a flora amazônica. Porém, o título remte à simbologia cristã. Algo semelhante a uma releitura do mesmo tema, mais tarde, a levaria executar a escultura " Salomé", cujo posicionamento é de forma idêntica ao "Oitavo véu", mas há maior destaque à sensualidade da personagem que, ao seduzir João Batista, o fez perder a cabeça nos dois sentidos: figurado e literalmente.

Esquisitices de artistas

Foi com o advento da Segunda Guerra Mundial que vários artistas europeus buscaram exílio nos Estados Unidos, precisamente em Nova Iorque. Este também foi o destino de Marcel Ducham, um apaixonado por MM. Eles se conheceram em Manhattan e deram início ao romance secreto. A aproximação de Duchamp permitia que Maria Martins atuasse na condição de modelo para ele em vários esboços e, também a polêmica tela Ëtant-Données. Ela aproveitou este momento artístico de sua vida, o romance, e obteve privilégios de Duchamp. Era uma relação dotada de erotismo. Tanto foi verdade que na escultura Etant-Données, presente de seu amante, as poucas vezes que foi apresentada em público gerava um certo constrangimento ao observador. Porém, somente MM e Duchamp sabiam a verdade. Verdade essa que deveria ser revelada apenas após sua morte. No ano de 1990, testes foram feitos na obra e apontaram com probabilidades de 99,9% de que a obra fora feita com liquido seminal do prórpio pintor em homenagem à amante. Duchamp utilizou-se de erotismo símbolico, também, para homenageá-la: Uma mulher nua na água e com uma lanterna, algo intensamente sexual, onde representa Maria Martins. Enquanto Duchamp e MM partilhavam segredos à portas fechadas, Louise Borgeois, sua esposa sofria em sil6encio. Porém, as obras da artista mostram que ela estava muito além de experimentação de expressão feminina. No ano de 2006, no CCBB de São Paulo, MM e Tarsila tiveram suas obras lado-a-lado em exposição "Manobras Radicais". Existe uma biografia da artista de autoria da jornalista Ana Arruda Callado, viúva do escritor Antônio Callado, cujo título tão simplório quanto o nome da artista: "Maria Martins - Uma biografia". A artista morre no Rio de Janeiro em 1973. [Francisco Martins]

* Publicado na versão impressa de www.jornalnovastecnicas.com.br
  de fevreiro de 2007 ]

EDITORIAS:
link da notíciaBy Equipe formasemeios, às 20:40  comentar


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